O VALE DE SANTARÉM NA GUERRA CIVIL - O MUITO QUE FALTAVA CONHECER SOBRE ESSE PERÍODO DE GRANDE CONFLITUALIDADE ENTRE ABSOLUTISTAS E LIBERAIS, E SUAS CONSEQUÊNCIAS
Ontem, 17 Fev, com a excelente apresentação de Fernando Rita, historiador, professor e militar, realizámos a primeira sessão pública do nosso plano de actividades de 2024, a qual prendeu os presentes, do princípio ao fim, seguindo-se um breve período de diálogo muito profícuo.
No final, foi unânime a opinião de ter sido uma comunicação muito esclarecedora, de quem sabe sobre o assunto, muito bem conseguida, versando os aspectos fulcrais de um período de grande conflitualidade, entre absolutistas e liberais, no nosso país, que, no terreno, na zona de Santarém, e em particular no Vale de Santarém, Póvoa da Isenta e depois, em Almoster, na sangrenta batalha que ali se deu, exactamente em 18 Fev. 1834 (passam hoje 190 anos) ter provocado vastas consequências para as populações, dando origem a uma fase de profundas implicações, em Portugal.
Além da presença do presidente da Junta de Freguesia do Vale de Santarém, Manuel João Custódio, anfitrião, tivemos também entre nós o convidado presidente da Junta de Freguesia da Póvoa da Isenta, José João, e alguns seus fregueses.
Convidados também os presidentes das Juntas de Freguesia de Almoster e Vila Chã de Ourique, não lhes foi possível comparecer.
Contámos também com a participação de António Ferreira, sargento mor, membro da direcção do Núcleo de Santarém da Liga dos Combatentes, assim como dos familiares do orador, de nossos associados e outros valsantarenos.
Esta sessão contou com apoios da Câmara Municipal de Santarém e da Junta de Freguesia do Vale de Santarém.
A Fernando Rita, renovamos os MUITOS PARABÉNS pelo seu trabalho e um grande OBRIGADO.
Em devido tempo, daremos informação sobre a publicação do vídeo desta sessão.
A Direcção.
Pois, foi uma tarde que surpreendeu e muito... que estamos habituados (falo por mim, claro) a ver as guerras e as batalhas do passado um pouco à semelhança dos encontros da bola, nunca imaginando os tremendos acontecimentos que precedem as refregas e as brutais consequências que, a nível humano, o fim das batalhas proporcionam.
ResponderEliminarFoi isso que, especialmente, recordo da intervenção do ilustre palestrante: estava em jogo a vitória ou a derrota do absolutismo real e toda a recuperação do passado que precedeu 1807 e a ida para o Brasil da família real e a sua corte.
Não foi coisa pouca, de forma nenhuma!
E a preparação do ajuste de contas foi meticulosa, demorada e ponderada, como tão bem explicou o Professor Fernando Rita.
A verdade, é que também nunca me preocupou o destino (nunca se pensa bem nisso), concreto e substantivo, do corpo combatente que é derrotado numa peleja, numa derrota onde padecem centenas ou milhares de homens. Como não imaginar o que sucedeu aos grupos isolados dos combatentes derrotados que fugiram, deambulando aterrorizados, pelos caminhos que envolvem o Vale ou a Póvoa. Imagino a aflição, o terror, os tormentos dos homens fugidos e a monte, sem casa de retorno ou de apoio, esfomeados, à mercê das sevícias dos vencedores e das populações... bem(!).
E os mortos, em tempos de parcos ou inexistentes serviços sanitários (os corvos, o cheiro e a putrefacção, os cães, as valas comuns, as piras a arderem num fogo purificador)?
Mas, regressando à conferência e ao que de mais significativo se recolheu, na minha modesta opinião, da sua realização, permitir-me-ia sublinhar o seu final.
- Um final, que não pode ficar esquecido, um final muito interessante e passível de se lhe atribuir a qualificação de feliz, consubstanciado na proposta de se promover a construção de um padrão que conferisse memória física ao acontecimento.
E é isso que mais importa e mais importante aconteceu na tarde de 17 de Fevereiro de 2023, na conferência do Professor Fernando Rita, que ocorreu nas instalações da Junta de Freguesia do Vale de Santarém.
- Tratando-se de uma batalha decisiva e determinante no progresso do país (que, dando por terminado o absolutismo, virou definitivamente uma página na história de Portugal), conviria e justificar-se-ia seguramente que a "Batalha de Almoster" tivesse um padrão, um monumento, que testemunhasse, relevasse e celebrasse, in locco, que ali, por aqueles campos, lutaram, sofreram e morreram muitos homens em nome do progresso, do desenvolvimento e do conhecimento da nossa comunidade de Portugueses. Que merecem memória, reconhecimento e gratidão.
Maiores felicitações à direcção da Associação Vale de Santarém, Identidade e memória!
Fernando P Soares