O QUE DISSEMOS NA ESTREIA DA PEÇA "JOÃO D'ALDEIA, O POETA"

    No dia da estreia da peça "João d'Aldeia, o Poeta", imediatamente antes de o pano abrir, quisemos deixar a mensagem dos Corpos Sociais da nossa Associação, através da seguinte comunicação da Direcção:

Senhor Vice-Presidente e 

Senhor Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Santarém, 

Senhor Presidente da Junta de Freguesia do Vale de Santarém,

Senhores representantes das Associações e Outras Entidades do tecido social do Vale de Santarém

Senhora D. Cesaltina Nogueira Barrela, e Senhora D. Maria Júlia Nogueira Pacheco, netas de João António da Silva Nogueira, o poeta João d’Aldeia,

Senhores convidados, acompanhantes dos Membros do Grupo de Teatro,

Prezados membros dos Corpos Sociais da Associação,

Valsantarenos presentes e, aqueles que, não sendo, quiseram estar connosco, alguns vindos de longe,

nesta casa de referência do associativismo do Vale de Santarém, com lotação esgotada, o que é muito bom sinal, a todos, em meu nome pessoal e da Associação que produz esta realização, damos as boas-vindas, muito agradecemos a vossa presença, ficamos reconhecidos e emocionados e, obviamente, digo-o também em representação daqueles que, dentro de breves instantes, vão trazer João d’Aldeia de regresso ao Vale de Santarém.

    Ele, o poeta do amor, é o que lemos e sentimos em toda a sua obra. Foi o poeta da mulher e da natureza, do vale luxuriante que o viu nascer. Foi o poeta das coisas belas e simples da vida, do que observava em redor, até dos pássaros, sobretudo dos rouxinóis, das águas do ribeiro e das lavadeiras, das hortas, dos frutos, do nascer e do pôr-do-sol, mas também do sofrimento da vida, do trabalho, da alegria, como da tristeza, da solidão e do abandono. Escreveu para as jovens, como para as mulheres já adultas, do Vale e outras, a quem ofereceu poemas, assim como para crianças.

    Perdeu-se de amores, e pagou alto preço por isso, como reflecte na sua poesia.

    A sua obra compõe-se de quatro livros, que eram desconhecidos, e agora, devido à acção benemérita das suas netas (Maria Hélia, Maria Júlia e Cesaltina, felizmente ainda entre nós) essas obras estão no Vale de Santarém, pela doação que as senhoras nos fizeram. Profunda e eternamente gratos estamos nós, e o Vale de Santarém, por assim terem decidido.

    Cumpriram com a maior elevação e sentido de cidadania, o desejo do poeta, vosso avô. Quando lhe quiseram propor a edição de livros, João d’Aldeia disse, num dos seus poemas:

    Os meus versos…

    “A aldeia os inspirou – da aldeia são:

    Ofertando-os, oferto o coração

    A este lindo Vale – meu berço amado”.

    E o Vale de Santarém, eternamente agradecido ao seu poeta e às suas netas, promete que não o vai esquecer: continuará a divulgar a sua obra, através da Associação Cultural Vale de Santarém-Identidade e Memória, pela via do Teatro, e outras que a seu tempo anunciaremos.

    Certamente, não estaremos sozinhos nessa tarefa: outros, a partir de agora, também o farão. A própria Junta de Freguesia, com a nossa colaboração, participa activamente desse projecto. As escolas do concelho, e não só, do básico ao superior, vão ser contactadas por nós, para isso.

     José Ramos, o encenador de reconhecidos méritos, que há muitos anos é um amante do Teatro e espalhou o seu saber e amor à arte por muitos grupos e terras do nosso Ribatejo, mas não só, fez o texto para esta peça, com base no livro que Victor Pinto da Rocha, professor e investigador, lançou em 2019, com o título “João d’Aldeia Poeta do Vale de Santarém”, após longa pesquisa sobre a vida e a obra do homem que a peça evoca. Antes disso, já Ana Isabel Lopes, nossa conterrânea, havia realizado trabalho académico sobre João d'Aldeia, o qual não viria a ser publicado.

    Pinto da Rocha faleceu em 2020, quando era membro da nossa associação, sendo então presidente da Mesa da Assembleia Geral. Hoje haveria de estar muito feliz, pois foi com ele também que prometemos: havemos de fazer uma peça sobre João d’Aldeia. Já não o pôde ver, assim como também não, a sua companheira de toda a vida, a professora Regina Pinto da Rocha, nossa conterrânea, que, num lar em Santarém, hoje conversando comigo pelo telefone, lamentou não poder comparecer, e enviou saudações, dirigidas aos representantes da Câmara, à Autarquia, às colectividades e a todos os presentes, assim como ao encenador, aos actores e outros membros do Grupo.

    José Ramos, o encenador, haveria de envolver a sua mulher, Adélia, neste projecto, para o qual muito trabalhou. Obrigado, muito obrigado, amiga Adélia, aqui presente, em representação do Vale de Santarém.

     Num tempo de algumas dificuldades maiores, inclusive ainda com o prolongamento da pandemia, que atacou todos os membros do grupo – ninguém escapou – o encenador pôs ao serviço de todos a sua orientação, o seu modo de trabalhar, a sua vibração e entusiasmo.

     Quase todos os ensaios foram realizados aqui, com José Ramos a vir de Cascais, e com a óptima colaboração e solidariedade da notável Sociedade Recreativa Operária, a cujo presidente e restantes membros dos corpos sociais manifestamos o mais sentido agradecimento – não mais esqueceremos o vosso acolhimento e apoio.

     Ainda uma referência especial ao Veto-Teatro Oficina, pelo seu decisivo apoio,  e também à área da disciplina de Teatro da UTIS – neste trabalho, alguns actores são dessas organizações. Igualmente o nosso MUITO OBRIGADO.

    O que ides ver é o resultado de uma preparação longa, com um grupo que, no total, envolve cerca de 40 elementos, muitos dos quais sem experiência neste campo.

    É o regresso do teatro no Vale, por gente do Vale e de outros lugares próximos. Para reiniciar e consolidar – esta é também uma parte da nossa missão.

    Apesar de as instalações, que desejamos, ainda não existirem, apesar de os meios financeiros para uma jovem associação serem ainda matéria bastante crítica, o nosso caminho é: continuar.

     Depois do nosso merecido elogio, público, ao grande esforço e dedicação do encenador e de todo o grupo,

    Resta dizer:

    O pano vai abrir.

    João d’Aldeia, pelo nosso Grupo de Teatro, vem aí.

     O espectáculo vai começar!

     25 Março 2023.

A Direcção da Associação Cultural Vale de Santarém-Identidade e Memória.


Estreia da peça "João d'Aldeia, o Poeta" - Folha de sala - Pgs. 1 e 4.

Estreia da peça "João d'Aldeia, o Poeta" - Folha de sala - Pgs. 2 e 3.

O Grupo de Teatro, recebendo os aplausos, na estreia da peça" João d'Aldeia, o Poeta",
produção da Associação Cultural Vale de Santarém-Identidade e Memória.25 Março de 2023.

Comentários

  1. Muitos parabéns a todos que contribuíram para este sucesso. Que venham muitas mais actividades como esta, para não cair no esquecimento a obra deste grande poeta e tantas outras coisas , tão meritórias.

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